martes, 22 de enero de 2019

O ABRAÇO



Abraçamo-nos. Tu rodeaste os braços no meu pescoço, como sempre fazias. Eu rodeei tua cintura e amarrei minhas mãos nas tuas costas. Forte. Apertei forte. Tu também. Meti o nariz no teu cabelo. O mesmo cheiro de sempre. Fartei-me dele. Cheirei tua orelha, comi teu brinco. Enlevei-me. Beijei teu pescoço. Mordi-o delicadamente. Tu te arrepiaste e sorriste. Comeste minha orelha. Como sempre comias. Beijaste-a e comeste-a novamente. Teu rosto corou. Tua respiração ofegou. Beijaste-me na bochecha. Procuraste minha boca. Achaste-a. Beijaste-a como nunca. Apertei-te mais forte, subi os braços até teus ombros, por baixo do teu cabelo. Meti as mãos nele e comecei a apertá-lo. Tu adoravas quando eu fazia isso. Adoraste. Soltaste um suspiro. Um gemido, quis dizer. Abandonaste teu corpo nos meus braços. Eu, na verdade, já estava abandonado, tentando me segurar nos teus cabelos. Apertamo-nos mais forte. As bochechas lado a lado. As narinas respirando, violentamente. Os peitos juntos, como quando nos amávamos. Os sexos frente a frente. Ávidos. As pernas tremendo, a ponto de naufragar. Segredei-te ao pé da orelha te amo. Tu quase me enforcaste. Meteste o nariz que soava constipado no meu pescoço. Senti uma lágrima escorregando em mim.

©LevAlbertoVidal/08jun2017

No hay comentarios.:

Publicar un comentario